quarta-feira, 1 de junho de 2011

Poesia no fast-food

A poesia e a música nativista estão finalmente se projetando do campo, para dar sensibilidade à selva de concreto. Estive fazendo um lanche semana passada em uma famosa lanchonete em Bento Gonçalves, e tive a grata surpresa de, ao começar a comer, ouvir uma música do saudoso Noel Guarani, bastante singela e agradável. Ao me informar, soube que estavam ouvindo uma rádio da cidade, que nesse horário apresenta um programa de música nativista e tradicionalista.

Por sinal, o local nada tinha a ver com nossas terras do Sul, já que é uma franquia multinacional norte-americana. Permito-me divulgar, pois sua localização em uma importante via turística, em frente ao hotel mais importante da cidade, próximo à Casa das Artes, valoriza ainda mais a importância dessa atitude por parte dos donos e funcionários, que provavelmente não tiveram a intenção de divulgar propositalmente esse tipo específico de música.

Mas só o fato de não estarem tocando músicas comerciais norte-americanas, como é o caso da maioria desses empreendimentos, valorizando as rádios da nossa Terra, é louvável. Além disso, o espaço oferecido por essa lanchonete nada lembra as fast-foods tradicionais, antes um caffè italiano, incentivando a alimentação saudável.

A respeito da Rádio que estavam ouvindo, é uma das muitas emissoras dessa região que apresentam programas de música gaúcha no final da tarde. A inserção da música nativista, mais calma e melodiosa, permitiu que essa expressão musical conquistasse lugar no comércio e escritórios da região. Percebe-se já a algum tempo que esses empreendimentos já não mudam de frequência quando iniciam esses programas, pois já apreciam e se habituaram a ouvir esse tipo de música, ao menos nesse horário.

Bom para os artistas, bom para cultura riograndense, bom para quem gosta de qualidade musical. Muito bom para as próximas gerações, que se desenvolverão valorizando também as culturas do seu lugar.