terça-feira, 13 de setembro de 2011

Declaração sobre entrevista ao Jornal Integração Setembro 2011

Recentemente fui chamada pela equipe do Jornal Integração da Serra para dar uma entrevista e indicar fontes de pesquisa para uma reportagem sobre a Semana Farroupilha. Na ocasião, sem um gravador e em uma conversa informal discutimos assuntos sobre tradicionalismo, CTGs e Cultura Gaúcha.

Infelizmente, na edição ou talvez por pouco conhecimento sobre o assunto, a entrevista foi tirada de contexto e, já que não havia sido gravada, foram publicadas em meu nome palavras que eu não disse (ao menos no sentido em que estão escritas), modificando totalmente o sentido do que foi falado.

Não quero me indispor de forma alguma com a equipe do jornal, que inclusive são meus amigos, e tenho certeza que o que aconteceu não foi proposital. Mas me vejo na obrigação, com os meus clientes, com os tradicionalistas, artistas da cultura gaúcha e com as pessoas que me acompanham e ensinam desde o prendado regional, a publicar uma declaração.

A dúvida da equipe do Jornal era o fato de, na opinião deles, a Cultura Gaúcha e os seus eventos não serem valorizados. Então declarei que, em minha opinião, a Cultura Gaúcha está sendo valorizada, sim, em nossa cidade e região, e que o público dos eventos tradicionalistas e nativistas está crescendo.

Foi me perguntado, então, QUAL A DIFERENÇA ENTRE TRADICIONALISMO E NATIVISMO? E foi esse o contexto da declaração polêmica publicada em meu nome.
No caso, O TRADICIONALISMO NÃO SE ATÉM APENAS A CANTAR E DANÇAR. É necessário conhecer toda a História e Geografia do Rio Grande do Sul e do Brasil, Tradição, Cultura e Folclore do nosso Estado. O Movimento Tradicionalista Gaúcho é um movimento grande e bem organizado, que tem a sua legislação, suas teses, seus princípios.

O que estava em discussão era a diferença entre Nativismo e Tradicionalismo. O nativismo é um movimento poético e musical, que envolve o Gaúcho Rio-grandense e o Gaucho Castelhano. O tradicionalismo tem por objetivo cultuar e difundir a tradição e a cultura do Rio Grande do Sul. Nesse sentido é que foi dito que no tradicionalismo se canta e dança “músicas feitas”, porque A MAIORIA DOS FESTIVAIS SÃO PROMOVIDOS NO MEIO NATIVISTA E É LÁ QUE SE ACONTECE A CRIAÇÃO. Pela qualidade desses festivais é também, muito difícil passar algum trabalho e é necessário muito conhecimento e talento para participar, o que muitos colegas de nossa cidade, como o Pedro Jr., o Vinícius Nardi, o Luciano Salerno, a Caren Burtet, entre outros, tem alcançado, como autores e intérpretes, e isso pode ser mais valorizado.

O Movimento Tradicionalista, nesse sentido, é uma escola, pois é nos Rodeios, concursos de Prendas e Peões, ENART e CTGs que se aprende a cantar, declamar, dançar, escrever, compor...
Além disso, a maioria dos tradicionalistas ouve música nativista, mas nem todo nativista é tradicionalista, ou fala de tradição. Músicas como Vento Negro e Vira Virou são nativistas e não falam de tradição. MAS SÃO DA CULTURA GAÚCHA.

Para finalizar, se não houvesse CULTURA ARTÍSTICA, eu não seria declamadora, porque não existiria poesia gaúcha. Jamais falei isso. O Gaúcho é um ser artístico por natureza. Séculos de Guerra, invernos frios e poucas festas, tornaram o gaúcho um ser melancólico, mas também expansivo e hospitaleiro. Os participantes do Rodeio Regional acontecido no último final de semana e os artistas que estão apresentando Shows na Semana Farroupilha são prova disso.

E foi por amor a essa cultura que decidi ser Arquiteta e Urbanista de Patrimônio Histórico e Cultural. Para poder ajudar a preservar o meio em que a nossa cultura acontece.
Peço desculpas à equipe do Jornal se fui dura, mas precisava deixar claras as minhas opiniões, para que não fossem deturpadas as minhas idéias e tudo aquilo o qual defendo.