Rodrigo Bauer / Chico Saratt
Nas casas velhas que o progresso ameaça
Restam os vultos de meus dias ternos
Meu rosto jovem dorme na vidraça
Nas noites vastas desses meus invernos
No poço fundo que guardei as sedes
Vi tardes mornas a pedir janelas
Fiquei aos poucos dentre as tais paredes
Por minha sombra que timbrou-se nelas
A solidão é que entristece as casas
Vai-se a mobília procurando o preço
Os homens partem como quem tem asas
E mesmo as cartas mudam de endereços
As altas portas a soprar os ventos
Nessas lembranças que a saudade abrasa
Fazem pensar em tantos sentimentos
Que são humanas essas velhas casas
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